quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O ódio lambe (Tony Lopes)


O ódio lambe
Os mesmos lábios que
O amor lambe

O amor lambe
Os mesmos lábios que
O ódio lambe

O ódio lambe o amor
O amor lambe o ódio

Entre as línguas
De amantes & serpentes

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Olhos de Origami (Tony Lopes)

Transatlântico de  origami
Navegando num mar
De lágrimas

E do cais
Dois imensos olhos
Transbordam
Como um haicai

Não acabou
Ainda não acabou
Há dor
Mas nada acabou
Ali.


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A esmola (Tony Lopes)

Esperar o efeito do veneno
E só depois usar o antidoto
Calcular cada passo
Com precisão matemática

Observar cada movimento
E os olhos do inimigo
Esperar com tranquilidade
A hora de contra atacar

Devolver em dobro
A ira de quem quer me derrubar
Devolver em ouro
A esmola que querem me ofertar



sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Deus não existe (Tony Lopes)

Deus não existe nas palavras do pastor
Nem nas suas falsas preces
Deus não existe na boca do opressor
Nem nas suas obvias más intenções

Deus só existe nos olhos que amam
E encaram o espelho sem medo
Deus só existe nos lábios que beijam
A face no espelho despedaçado

Deus não existe nos templos de ouro
Nem nos que fingem humildade
Deus não existe nas boas intenções
Do que não dividem a mesa

Deus só existe nos olhos que veem
Muito além do espelho
Deus só existe nos lábios que beijam
Todas as faces que desejam



quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Alma do negócio (Tony Lopes)

A calma é a alma do negócio
O ócio acalma a alma
A alma é o ócio do negócio
A alma acalma com o ócio

A calma é o ócio da alma
O negócio se acalma
E a alma calma
Enfim aceita o ócio

E foda-se o negócio.

 

 ps- Às vezes é muito bom   
Quando tudo acaba num "foda-se"

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Duas taças (Tony Lopes)


Uma garrafa de vinho

Duas taças sobre a mesa

O desejo nos olhos

E o amor de sobremesa 

 

A noite avança 

A fera ruge de esperança 

O desejo nos olhos

O amor quase nos alcança 

 

Sorrisos cúmplices 

A mão agora avança 

Acordes que ecoam

O amor é uma contradança 

 

Os lábios umedecidos de vinho 

Tinto e já quase tontos

Brindes e juras

Para o amor ELES estão prontos

 

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Coração abobalhado (Tony Lopes)

Ligeiramente vulgar
Docemente débil
Admiravelmente  fútil
- Um exemplo de inutilidades

Adoravelmente sexy
Apaixonadamente pudica
Assustadoramente cruel
- Um exemplo de falsidades

E mesmo assim
Cheia de defeitos & rebolado
Ela deixou
O meu coração abobalhado.


quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Mudar (Tony Lopes)

Algumas mentiras resistem ao tempo
E se repetem frequentemente
Mas as mordaças que foram impostas
Devem ser retiradas imediatamente

Mudar
Depende de mim
Depende de você
Depende de todos nós

Algumas farsas não podem durar tanto
Mesmo que as fardas e os fardos
Queiram abafar os planos
E os nossos brados

Mudar
Depende de mim
Depende de você
Depende de todos nós


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Pequeninos medos (Tony Lopes)

Procuro alguma saída no abismo
Em que me arrisco viver
Aprisionado por pequeninos medos
Absolutamente cruéis

Procuro alguma saída no buraco
Em que me meti
Hipnotizado por minúsculos desejos
Que me fizeram descer

Os gritos são silêncios ignorados
Que Dizem que existo
Mas acredito que realmente ninguém
Consegue me ver

Não quero ficar...
Mas não tenho ânimo para prosseguir.



quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Mantra efêmero (Tony Lopes)

De tão óbvio
Parece um servo do absurdo
A salivar mediocridade

Sibilando estupidez
Pelos olhos envenenados
Por ilusões obtusas

De tão óbvio
Parece uma tênue névoa
Cobrindo como um mantra efêmero

Soletrando asneiras
Pela boca insana e fumegante
De olores demoníacos

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Desdentados (Tony Lopes)

Os dentes cariados
Da fome
Ávidos
Devoram o nome
Do dono

Em aço
Inoxidável
A dor
Apenas
Ri de sono

Ouvem-se latidos
Sinistros
Ecoando
Na calada
Da noite
Dos desdentados