sexta-feira, 29 de maio de 2015

Cabe na agulha (Tony Lopes)


O amor cabe em um aquário
Cabe dentro de uma gaiola
O amor cabe no imaginário
Cabe na agulha de uma vitrola
 
O amor cabe em um oceano
Cabe em um jardim zoológico
O amor cabe no planetário
Cabe nos ponteiros de um relógio
 
O amor é um quebra-cabeça gigantesco
Cheio de peças que às vezes não encaixam
O amor é algo meio dantesco
Como algumas engrenagens que sempre relaxam
 
E ainda assim o amor é só o começo
De uma jornada ainda não descrita
Uma estrela daquela esquecida constelação

                       Um cometa perdido fora da rota prescrita

quarta-feira, 27 de maio de 2015

A fome (Tony Lopes)


A mentira

É como um prato de comida azeda

Que abrilhanta os olhos

Mas não serve para saciar a fome

 

A verdade

É como um prato de comida vazio

Mas que agiganta a alma

E ate sacia a fome

 

Quando servidas no mesmo prato

A verdade e a mentira

Misturam-se

E induzem ao erro e a fome.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Sórdido (Tony Lopes)


O amor por vezes é sórdido

Imundo, sujo

E sem moral

 

O amor por vezes é indigno

Baixo, mesquinho

E torpe

 

O amor por vezes é repugnante

Desumano, vil

E infame...

 

Mas só o amor pode consertar o estrago

Que o próprio amor causar.

 

 

 

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Agua benta (Tony Lopes)


Afasto-me do cálice
E de algumas taças de veneno
Mantenho certa distância
Das vis tentações

Só mato a minha sede
Com água benta


Mas não suporto hipócritas
E pastores farsantes
Que julgam tudo que eu faço
Em seus malditos sermões

Sou eu que escolho
A minha água benta


Por isso brindo essa fé barata
Com doses generosas de whisky escocês
Recuso promessas e crenças forjadas
E quaisquer outras falsificações

quarta-feira, 20 de maio de 2015

A calma do vulcão (Tony Lopes)

Não basta a calma Para perceber o momento Exato Da explosão
Nem paciência Para entender o porquê Do fato Em questão
 
Enquanto estrelas cruzam o azul escuro do céu Na sua boca
Apenas o mel Escorre sem que exista explicação
 
E juntos como um grande vulcão Explodiremos Como via láctea
Como uma via sem qualquer direção
 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Balas de hortelã (Tony Lopes)


Atirei a esmo
Quase como um louco
na sua direção

Atirei a esmo
minhas balas de hortelã
E de paixão

Atirei mesmo
Não foi bala perdida não
E foi por bem pouco
Que não acertei seu coração

 

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Prótese (Tony Lopes)


Vender um fígado
Pra consertar o pulmão
Ou trocar o sangue
e remendar o envelhecido coração

Extrair o baço
Ou fazer outra transfusão
Diminuir o intestino
Pôr uma prótese ou não?

Arrancar os dentes
Alongar o nariz
Colocar silicone
Só doeu porque quis

Com anestesia?
Ou com emoção
Quem diria
Que era por satisfação

Agora sim
Que belo frankstein
Será que está vivo
Hein?????

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Olhos ferozes (os elefantes elegantes/Tony Lopes)


Os olhos dela são dois pequenos animais

Ferozes e atormentados

São lanternas que iluminam a estrada perdida

 

Os olhos dela são dois envelhecidos punhais

Afiados e enferrujados

São laminas assassinas de tolas vidas

 

E quando ela uiva para a lua

Eu posso sentir o gosto

Do sangue em minha boca

 

terça-feira, 12 de maio de 2015

Anseios (Tony Lopes)


Arrancar minha orelha

Me fará um Van Gogh?

E ser surrealista

Me fará um Dali?

Cair na estrada

Me fará um Kerouac?

E ser quem eu sou

Me fará ser Quem?

 

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Não presta (Tony Lopes)


Uma bala no meio da testa
Agora sim
Sei que você me detesta

Um grito na escuridão
Agora sim
Sei o que é dor e solidão

Seu riso de hiena ecoa
Terror nos olhos da presa
Sua ira plena de ódio voa
No fim a mesma certeza

Você não presta!

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Do inesperado (Jimy Berbert/Tony Lopes)


Estou me protegendo do inesperado
Dos meus e dos nossos pecados
Estou me aventurando na imaginação
Dos sonhos que sempre existirão
 
Protegido e protegendo
Os olhos colados no portal
Perseguido e perseguindo
A eterna luta do bem e do mal
 
Estou me defendendo do inesperado
Dos ataques de ambos os lados
Me esquivando dos obstáculos
Das armadilhas e maus olhados
 
ps. primeira parceria com meu filho que posteriormente foi musicada por mim , ele , Tom Berbert (filho tb)e Felipe Britto

 

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Ângulo (Tony Lopes)


 

A beleza é apenas

Uma questão de ângulo

Ou de luz

 

A beleza é apenas

Uma questão de gosto

Ou de cheiro

 

A beleza é apenas

O que queres que seja belo.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Entre os dentes (Tony Lopes)


Entre os dentes que mastigo

E não como

A fruta nua que se insinua

Quente e rubra

Tal qual uma maçã

A sua pele lisa

Passeia na minha língua

Que lambe

A porção magica

De uma paixão

Quase a mingua.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

campo minado (Tony Lopes)

A solidão é um campo minado
Em um mar de lágrimas
A solidão é um jazigo abandonado
No altar do tempo

A solidão é um matadouro 
Banhado de sangue azul
A solidão é uma bomba relógio 
Esquecida na estação sul

A solidão é um desconforto 
Uma dor cortante 
A solidão parece um morto
Sem paz no semblante  

A solidão sou eu
Sem você
A solidão somos nós 
Sem ninguém