sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O gosto do espinho (Tony Lopes)


Queria poder dividir algumas derrotas 
Compartilhar a minha dor
Queria saber como fugir da angústia
Congelar os meus tormentos

Queria parar de sofrer tanto
De agonizar
De mergulhar no abismo 
E no pranto me afogar 

Queria poder fugir das disputas 
Suportar as chagas
Queria saber como te dizer isso
Não em forma de lamentos

Mas eu só sei perder
Só sei sofrer sozinho
Só sei cair
Só sei sentir o gosto do espinho

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Pai (Tony Lopes)


 Tem pai que é cego
 Tem pai que é surdo
 Tem pai que é mudo
 
Tem pai bonzinho
 Tem pai imundo
 Tem pai ausente
 Tem pai que é tudo
 
Tem pai que é louco
 Tem pai bandido
 Tem pai que é pouco
 Tem pai herói
 
Tem pai pra todos
 Tem pai pros outros
 Tem pai eterno
 Tem pai descrente
 
Tem pai que vê
 Tem pai que escuta
 Tem pai que fala.
 
 Tem pai quem (que) ama.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Teclas pretas do piano (Tony Lopes)

Não uso as teclas do piano 
Para mentir ou fingir
Deixo sempre o som fluir
Pelas entranhas da pele
Como um velho plano 
Que sempre me impele 

Não sustento a nota
Nem fecho a porta
Apenas observo 

Então pra que me servem
As coisas que eu nem sei que tenho
E vivem perdidas em gavetas 
Os nas teclas pretas do piano
Como se fossem importantes 
Notícias que não eram antes.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O peso (Tony Lopes)


Seus pecados pesam
Não dá mais pra mentir
Seus olhos precisam ver
O óbvio 

Sua cabeça não suportará 
O peso da forca 

Seus crimes serão vingados
Não dá mais pra fugir
Suas mãos agora tremem
É óbvio 

Sua cabeça não resistirá 
Ao peso da culpa

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Medalha (Tony Lopes)


Minha medalha é a culpa que carrego
Em uma grande cicatriz
Em forma de cruz
No meu peito nu

Minha recompensa é a raiva que prendo
Entre meus rins
Pronta pra explodir
Prestes a estourar

Feito vômito 
Bílis 
Catarro!
Meu ódio alimenta
A máquina
Que me move

Minha medalha é a dor que guardo
Dentro do coração 
Feito uma tempestade
Devastadora e voraz

Meu prêmio é a fé que me maltrata
E quase me salva
Que machuca 
Me derruba mas não me mata.




sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Uma colher de arrogancia(Tony Lopes)

Metade da sua presunção 
E eu seria  um rei
Uma colher da sua arrogância 
Eu viraria Deus 

E você pisca 
Ri displicente 
Pega no cabelo 
Sem olhar pra mim

Uma pitada do seu orgulho
Me faria bem
Um terço da sua inteligência 
Queria ter também 

E você acena 
Domina a cena 
Sem ao menos
Tocar em mim

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Eu sou indie (Tony Lopes)

Eu sou indie
Eu sou indie
Eu sou indigesto

Eu sou isso
Eu sou isso
E nunca o resto 

Foda-se 
Quem acha esse mundinho
Tão moderno
Tão chatinho

Eu sou indie
Eu sou indie
Eu sou tão imodesto

Eu sou isso
Eu sou isso
E nunca o que detesto

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

intolerancia (Tony Lopes)

Intolerância é o nome da criança 
Sem cabeça 
Que acabou de nascer
Ela não sabe rir
Nem entender o que não quer
Quando quer que seja assim

Intolerância é nome do algoz 
Sem juízo 
Que te condenou ao dizer 
Que a piada não teve graça 
E a desgraça é sua razão pra chorar
Porque ela acha certo o seu fim.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A sua mulher (Tony Lopes)


Não quero flores
Ou suaves fragrâncias 
Basta um amor áspero
Algo que me arrebente
Num gozo animal
Que deixe marcas e dor
E faça meu coração disparar
Selvagem
Não quero promessas 
Ouça apenas os meus gemidos 
E os meus lábios suplicar:

Me coma outra vez pois sou a sua 
Presa, sua recompensa a sua mulher.

Não quero flores
Ou suaves fragrâncias 
Quero um amor áspero
E alguém que me arrebente
Num gozo animal
Que deixe marcas e dor
Fazendo meu coração disparar
E os meus lábios a suplicar:

Me coma outra vez pois sou a sua mulher.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Ficar velho (Tony Lopes)

Ficar velho
É pagar os erros cometidos
As escolhas equivocadas
E os caminhos não seguidos

Ficar velho
É admirar o tempo percorrido
As paixões correspondidas
E as conquistas de uma vida

Ficar velho
É poder lembrar dos esquecidos
Sorrir com o que foi vivido
E celebrar o que restou

Ficar velho
É um prêmio e um castigo
Uma dúvida e uma certeza
Uma bagagem a ser dividida


 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Vencedor (Tony Lopes)


Teu soco

De uma tonelada

Quase me derrubou


Balancei

Fui às cordas

Perdi o ar


Cambaleei

Pensei em cair

Quase fraquejei


Mas não há dor

Que vença

O verdadeiro amor