segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

A mim (Tony Lopes)

A mim
Só o ônus da culpa
E o peso do fracasso 

A mim
Só o ônus do pecado 
E o peso da cruz

Agora
Tenho a chance da cura
Através da dor
E do mergulho na loucura

Não ria
Pois ainda não estou morto
Não pise
E nem cuspa no meu rosto 

A ti
Só um pouco de desprezo
E da minha raiva

A ti 
Só as sobras das chagas
E os ossos das minhas asas 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Massarandupió Blues (Tony Lopes)


Jovem atriz com poucos dotes cênicos
Resolve inovar e tira a roupa.
Modelo jovem, elegante e desinibido
Prova o seu talento tirando a roupa.
 
Cantora de escassos recursos vocais
Propõe-se a inovar e despe-se.
Poeta de vanguarda e desconhecido
Recita os seus poemas desnudo.

 

Para essa nova vanguarda velha e ultrapassada
Incapaz de revolucionar com criatividade
A única opção para tamanha estupidez
É substituir o talento pela nudez...
 
Oh! Quanta insensatez!
 
Massarandupió Blues
Massarandupió Blues
Massarandupió Blues

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Tirano (Tony Lopes)


 

Prepotente

Arrogante

Um poço de estupidez

Despótico 

Opressor 

Um discípulo da insensatez

 

Tirano

Soberbo

Total ausência de polidez

Presunçoso

Atrevido

Vergonha da própria tez

 

A mentira é a sua crença

E essa crença uma inversão

Crédulo da própria impunidade

Impõe a verdade uma suposição

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Caminhando e chorando (Tony Lopes)


Não consegui evitar o poste

Cai na armadilha do destino

Fui ignorado pelos aliados

E maltratado pelos cretinos

 

Sempre estive no lado errado

Regando flores e colhendo espinhos

Pagando caro por minha timidez

Sem reagir aos hipócritas no caminho

 

Aquela luz que vi no fim do túnel

Era a dor de um forte impacto

Mas os estilhaços que eu retirei

Devolveram-me ao lugar exato

 

Algumas traições e os meus tropeços

Fizeram-me ser bem mais persistente

E no final sempre me reergui

Das armadilhas dos escrotos e descrentes

 

Arranquei meu olho a fórceps

Pelo prazer do perigo que tanto atrai

Driblei doenças e atrasei a minha ida

Para onde todo mundo um dia vai

 

Tive de fingir ser crente e crédulo

Caindo até em conto do vigário

Por todo o mal que eu nunca fiz

Recebi de volta tudo ao contrario

 

Mas apesar de tantos equívocos

No fim achei a esperada resposta

Agora é só ter um pouco de coragem

E atravessar de vez aquela velha porta...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

AS MELHORES DO ANO (Tony Lopes)

O melhor disco do ano eu ainda não ouvi
O melhor livro do ano  eu ainda não li
O melhor  show do ano  vai ficar  para o próximo ano
O melhor  filme do ano eu  ainda vou assistir
 
A melhor  piada  do  ano eu  ainda  não  entendi
A melhor   canção  do ano eu  acho  que  esqueci
A melhor  atriz do ano eu  prefiro  não  ter de revelar
A melhor  resposta do  ano acho  que  não recebi
 
O melhor poema do ano é o que eu ainda não escrevi
O melhor  clip do ano é  aquele que  eu quase fiz
O melhor  fracasso  do ano  foi o  que  eu  cometi
O melhor  projeto do  ano: acabar tudo  por aqui.
 


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O abismo (Tony Lopes)


O abismo
Chega
 
Chega por carta
Telegrama
e-mail
sms 
whatsAap
chega pelo facebook
 
o abismo chega.
 
chega!
 
Chega de abismo!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O dedo (Tony Lopes)


O dedo que aciona o gatilho

Que vai acelerar o seu coração

É o mesmo que se reposiciona

E aponta para uma nova sensação

 

Às vezes o prazer é uma inversão de rota

E isso tanto te choca quanto te excita

Às vezes antes do gozo vem uma derrota

Que é simplesmente tudo o que você evita

 

O dedo que aperta o gatilho

Que detona um gozo em sua amplidão

É o mesmo que agora te impressiona

E afronta a sua envelhecida decisão

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Pai e mãe (Tony Lopes)


Não sei quem ejaculou
Na boca do esgoto
Nem de quem é o ventre
Que abrigou esse escroto

Não sei quem cuspiu
E arrotou tanta arrogância
Nem sei quem pariu
O fruto da ignorância

Quem é o pai desse inseto?
Desse verme rastejante
Quem é a mãe do infecto?
Desce pústula ignorante

Não sei quem errou
Ao criar esse crápula
Nem quem vai juntar
Essa merda com espátula

Não sei quem fugiu
Ou que fingiu não ver o estrago
Nem quem escapuliu
Antes do último e amargo trago

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Decepção (Tony Lopes)


sinto uma grande frustação
um descontentamento
uma enorme dor
foi inesperado
magoou
 
decepção
engano
dolo
 
chame isso como quiser
como puder
mas me acertou em cheio
 
feriu
arranhou
decepcionou.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Mil suicídios (Tony Lopes)


 

Vou me suicidar

Umas dez vezes mais

Antes das outras mil  

Que não acertei

 

Vou cicatrizar

As feridas dos meus pulsos

Depois de disparar cem vezes

Na minha cabeça

 

Sangue e lagrimas

Não podem se misturar

Ninguém me fará desistir

Eu insisto em tentar

 

Nada além de mim

E essa certeza cada vez maior

Que chegou a hora

De consumar o que já consumei.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Olhos esfacelados (Tony Lopes)


Os olhos explodem como se fossem

Baratas esfaceladas.

 

Inertes e indefesos

Tentam sobreviver ao impacto dos pés

 E das cores mortas.

 

Eles resistirão até o fim a esses atos

Hostis e cruéis.  

 

E ainda que cegos Vão procurar

A verdade exposta

No muro da rua abandonada.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Acumulo de inutilidades (Tony Lopes)


Acumular livros, discos e crenças
Para alimentar as traças
Acumular fotos e tolas lembranças
Para saciar a fome dos cupins

E no fim
Só vão restar resquícios
De nossa trajetória
Na memória
Dos velhos
E ultrapassados computadores

Viver é olhar para trás
E lembrar o que tínhamos perdido
Morrer é deixar para trás
O que já havíamos esquecido.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Tormentas e temporais (Tony Lopes)


Antes que você me diga que perdeu a paciência

E me arremesse do cais

Algo ainda pode acontecer e por elegância

Devolver a nossa paz

 

Desça as velas dessa sua tola arrogância

Não há vento capaz

De restaurar coisas que se perderam na infância

Em marés que não voltam mais

 

Barcos precisam ancorar com segurança

Para se afastar dos temporais

Mas depois que se perde a crença

Nem a luz dos faróis será capaz

 

Outros portos poderão te acolher

E em aguas calmas te deixar ficar

Mas nada voltará a ser como foi

Antes desta tormenta se iniciar

 

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Parado & rendido (Tony Lopes


Parado

A espera do coice

Do golpe

Fatal

 

Parado

A espera do golpe

Do coice

Fatal

 

Rendido

Como um bandido

Iludido

Pelo mal

 

Rendido

E traído

Crucificado

No final

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Desistir (Tony Lopes)


 

Destruir a logica

Decepar a razão

Dilacerar a ignorância

Desfibrilar o coração

 

Aniquilar o perdão

Anestesiar o amor

Adulterar a emoção

Aprisionar a dor

 

Mandar tudo para o inferno

Mandar tudo para a merda

 

Desistir de insistir

 

Desistir

Desistir

Desistir

 

E insistir em desistir.

 

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O motor (Tony Lopes)

O coração é um motor
Movido a álcool  e amor
Sempre  em combustão
Queimando  óleo  e   excitação

O  coração  é  uma máquina
Que precisa   de   manutenção

O coração é um motor
Que move  o  peso da dor
Sempre  em  evolução
Sobrevivendo  por  prazer  e    emoção

O coração  é  uma  máquina
Mas  não sobrevive na solidão



 

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Códigos (Tony Lopes)


Compilação sistemática

De leis e normas  

Conjunto de regulamentos legais

Aplicáveis a diversas atividades

 

Sistema para cifrar a escrita

Tornando-a ininteligível

Símbolo para identificar

Integrantes de algum grupo

 

Signos simples ou complexos

Organizados e convencionados

Para possibilitar a construção

E transmissão de mensagens

 

Conjunto de instruções   

Lidas e executadas

Pelos circuitos de processamento

Do computador   

 

Símbolos linguísticos

De um idioma

E das regras gramaticais

Pelas quais se combinam 

 

Códigos

Quais os são os seus códigos

 

 

 

  

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O inimigo (Tony Lopes)


O inimigo
Esta tão próximo
Que torna-se invisível
Esta tão escondido
Que você não o vê
No espelho

O inimigo
São como as letras miúdas
De um contrato
Onde tudo está escrito
Mas nada
Está realmente explicado

O inimigo te vê
Quando você olha
Para dentro de você

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Nem de graça (Tony Lopes)


Nem de graça
A desgraça que me destes
Não quero mais
Agora basta

Arregaço
Arrombo o muro que erguestes
Eu quero paz
Quero uma visão vasta

Vê se disfarça
E parta com o que me entristece
Pra longe
Bem longe de onde você se arrasta

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Dono da verdade (Tony Lopes)


Fura a fila e avança o sinal

E louco é quem reclama deste boçal

Pensa que está certo e nem pisca

O torto nunca morde a isca

 

Ri dos que ficam sempre para trás

Mesmo quando FORAM enganados

Para ele o certo é tudo

Que ele crê não ser tão errado

 

Ignora as leis que podem puni-lo

Nada atinge seu ego inflado

Aponta o dedo em sua direção

E ainda acha isso muito engraçado

 

Culpa quem faz o mesmo que ele

Se finge de vitima quando o acusam primeiro

Parece que não vê os seus próprios erros

E disfarça ser integro e verdadeiro

 

 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Dias e dias (Tony Lopes)


Um olho
Cravado
No outro

Dois pregos
Nos pulsos

Três destinos diferentes

A culpa dos que não creem na culpa

Os vários lados
Da mesma história

E depois
Esperar
Dias e dias e dias e dias e dias

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Peixes & iscas (Tony Lopes)


 

Somos peixes

Que morrem pela boca

Ou iscas

Que atraem outros peixes

Que morrem pela boca

De outras iscas

Que atraem outros peixes

Que morrem pela boca.

 

E seguimos assim

Como se estivéssemos

Em um aquário:

Nada, nada e nada...

Pra nada.