quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Narciso cansado (Tony Lopes)

Narciso
Está cansado
Ele não olha mais
Para o espelho

Não quer ver as rugas
E as marcas
Que o tempo lhe infligiu

Prefere acreditar
Na beleza preservada
Em sua memória


E isso o faz sorrir novamente
Todas as manhãs

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Céu/chão (Tony Lopes)

Quando você me pediu
A metade do que já era teu
Percebi o erro
Em aceitar tudo que aconteceu
E olhei para o chão
O mesmo chão que já foi céu

Quando você me excluiu
Da parte do que já era meu
Aceitei o erro
E percebi como  tudo escureceu
E olhei para o céu
O mesmo céu que já foi chão ...

O nosso chão
Que já não nos conduz
Para longe, bem longe
Da escuridão.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Como(a) (Tony Lopes)

Como com a boca que alimenta
Como com os olhos que devoram

Coma com a boca que experimenta
Coma com os olhos que exploram

Coma
Mas saia desse coma
Quase profundo
Coma
Mas saia desse estado
Quase imundo

Coma o que lhe come
Coma quem lhe come

Coma como te como.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Camiseta (Tony Lopes)

Trago todos os segredos expostos
Na minha camiseta
E se você observar o que está escrito
Verá que não é uma declaração de amor
Ou qualquer coisa parecida.

Na verdade ela é totalmente branca
Quase transparente
E se você observar muito bem
Verá que está tudo escrito ali

Dentro do meu exposto coração.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Indiferença (Tony Lopes)

Indiferença
E uma laranja azeda

Ninguém
Além do meu asco

Um saco de vomito
Eu não gosto de voar

Eu?

Sim, ainda vejo
Que não há nada aqui

Quem?

Você... você atrás da porta
Saia agora

Não?

Eu não estou imaginando nada

Desista!
Eu já desisti

Tem uma faca?
Quero descascar a laranja

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Olhos travados (Tony Lopes)


Arrasto-me aos teus pés
No chão que tu me negaste
Sibilando docilmente
Como sempre tu quiseste

Cobra criada em tuas ciladas
Desprezível & desprezada
Que agora enfim está preparada
Para dar a última gargalhada

O bote  armado
Para me defender do teu veneno
Os olhos travados
No momento exato
Em que o amor deixou de ser pleno

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Sobre poetas e poesias (Tony Lopes)

Poetas
Não podem ser bonitos
Ou limpos
Não devem ter escrúpulos
Ou regras

Poetas
Não podem ser sinceros
Ou românticos em excesso
Mas podem e devem
Mentir sobre o amor

Poetas
Não podem ser abstêmios
Ou devotos
Nem devem seguir normas
Ou crenças

Poetas
Não podem ter amigos
Ou amantes
Não devem ser felizes
Ou reais

Poetas não devem existir!

E não existem, creia.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O ódio lambe (Tony Lopes)


O ódio lambe
Os mesmos lábios que
O amor lambe

O amor lambe
Os mesmos lábios que
O ódio lambe

O ódio lambe o amor
O amor lambe o ódio

Entre as línguas
De amantes & serpentes

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Olhos de Origami (Tony Lopes)

Transatlântico de  origami
Navegando num mar
De lágrimas

E do cais
Dois imensos olhos
Transbordam
Como um haicai

Não acabou
Ainda não acabou
Há dor
Mas nada acabou
Ali.


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A esmola (Tony Lopes)

Esperar o efeito do veneno
E só depois usar o antidoto
Calcular cada passo
Com precisão matemática

Observar cada movimento
E os olhos do inimigo
Esperar com tranquilidade
A hora de contra atacar

Devolver em dobro
A ira de quem quer me derrubar
Devolver em ouro
A esmola que querem me ofertar



sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Deus não existe (Tony Lopes)

Deus não existe nas palavras do pastor
Nem nas suas falsas preces
Deus não existe na boca do opressor
Nem nas suas obvias más intenções

Deus só existe nos olhos que amam
E encaram o espelho sem medo
Deus só existe nos lábios que beijam
A face no espelho despedaçado

Deus não existe nos templos de ouro
Nem nos que fingem humildade
Deus não existe nas boas intenções
Do que não dividem a mesa

Deus só existe nos olhos que veem
Muito além do espelho
Deus só existe nos lábios que beijam
Todas as faces que desejam



quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Alma do negócio (Tony Lopes)

A calma é a alma do negócio
O ócio acalma a alma
A alma é o ócio do negócio
A alma acalma com o ócio

A calma é o ócio da alma
O negócio se acalma
E a alma calma
Enfim aceita o ócio

E foda-se o negócio.

 

 ps- Às vezes é muito bom   
Quando tudo acaba num "foda-se"

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Duas taças (Tony Lopes)


Uma garrafa de vinho

Duas taças sobre a mesa

O desejo nos olhos

E o amor de sobremesa 

 

A noite avança 

A fera ruge de esperança 

O desejo nos olhos

O amor quase nos alcança 

 

Sorrisos cúmplices 

A mão agora avança 

Acordes que ecoam

O amor é uma contradança 

 

Os lábios umedecidos de vinho 

Tinto e já quase tontos

Brindes e juras

Para o amor ELES estão prontos

 

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Coração abobalhado (Tony Lopes)

Ligeiramente vulgar
Docemente débil
Admiravelmente  fútil
- Um exemplo de inutilidades

Adoravelmente sexy
Apaixonadamente pudica
Assustadoramente cruel
- Um exemplo de falsidades

E mesmo assim
Cheia de defeitos & rebolado
Ela deixou
O meu coração abobalhado.


quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Mudar (Tony Lopes)

Algumas mentiras resistem ao tempo
E se repetem frequentemente
Mas as mordaças que foram impostas
Devem ser retiradas imediatamente

Mudar
Depende de mim
Depende de você
Depende de todos nós

Algumas farsas não podem durar tanto
Mesmo que as fardas e os fardos
Queiram abafar os planos
E os nossos brados

Mudar
Depende de mim
Depende de você
Depende de todos nós


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Pequeninos medos (Tony Lopes)

Procuro alguma saída no abismo
Em que me arrisco viver
Aprisionado por pequeninos medos
Absolutamente cruéis

Procuro alguma saída no buraco
Em que me meti
Hipnotizado por minúsculos desejos
Que me fizeram descer

Os gritos são silêncios ignorados
Que Dizem que existo
Mas acredito que realmente ninguém
Consegue me ver

Não quero ficar...
Mas não tenho ânimo para prosseguir.



quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Mantra efêmero (Tony Lopes)

De tão óbvio
Parece um servo do absurdo
A salivar mediocridade

Sibilando estupidez
Pelos olhos envenenados
Por ilusões obtusas

De tão óbvio
Parece uma tênue névoa
Cobrindo como um mantra efêmero

Soletrando asneiras
Pela boca insana e fumegante
De olores demoníacos

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Desdentados (Tony Lopes)

Os dentes cariados
Da fome
Ávidos
Devoram o nome
Do dono

Em aço
Inoxidável
A dor
Apenas
Ri de sono

Ouvem-se latidos
Sinistros
Ecoando
Na calada
Da noite
Dos desdentados

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Petição (Tony Lopes)

Correntes e campanhas humanitárias,
Preces para salvar criancinhas,
Orações para curar enfermos,
Abaixo assinado e petições para revogar atos antidemocráticos,
Campanhas para adoção de animais abandonados,
Pedidos de acolhimento de refugiados,
Solicitações de amizades sinceras,
Encontros com entidades religiosas,
Convites para a revolução seja ela de esquerda ou direita não tem nenhuma validade ou autenticidade se forem feitas pelo Facebook.

Creia ou não.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O idiota (Tony Lopes)

Navego nessa avenida de isopor
Na solidão dos gritos
A alma balançando com o torpor
Do Porto dos aflitos

Nesses mares  inavegáveis
Mergulho no céu dos pedintes
Com a calma sutil dos tubarões
E os dentes dos famintos

A âncora é o meu anzol
E a baleia a minha contramão
Sempre perdido nessa ilha
O idiota e a sua constelação

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Poema feliz (Tony Lopes)

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vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv
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                                                                                                      fim.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

A morte (Tony Lopes)

A morte é só o começo do que conhecemos como fim

A morte não é o fim para o que cremos ser o começo.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Olhos do Et (Tony Lopes)

Os olhos do ET
Cospem fogo & desejo

Ávidos
Vasculham as estrelas
No céu
De uma boca interplanetária

Os olhos do ET
Disparam setas & luzes


Incansáveis
Dançam alucinadamente
As canções
Vindas de um disco voador


 


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Príncipes (Tony Lopes)


Você continua acreditando em príncipes

E no amor eterno

Como se ainda houvesse uma luz

Capaz de clarear a sua escuridão

 

Os seus olhos ainda teimam

Em procurar estrelas cadentes

Em um céu cada vez mais ameaçador

E repleto de mistérios

 

Enquanto eu passo noites insones

Vagando em becos e bares

Escutando o lamento de pessoas

Tão tolas e iguais a você.

 

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Coração punk (Tony Lopes)


A cidade arde
Em aço, cimento e concreto
Nada ou ninguém por perto
Tudo longe como um final de tarde

A noite vem acender suas luzes
Que ofuscam as nossas estrelas
Inteiramente perdidas
Entre outras tantas curvas e cruzes

Olhos choram lágrimas de sangue
No sinal sempre vermelho
E as avenidas estéreis e elétricas
Desfibrilam o seu coração punk

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Às vezes Antônio (Tony Lopes)




Às vezes Antônio

Às vezes Tony

Às vezes Tom

 
De muito tempo atrás ate os dias atuais
E num futuro que ainda virá

 
Me chamam e eu escuto me chamar
Às vezes a mim às vezes ao outro lá

 
Eu chamo mesmo sem me escutar
E vejo um ou outro se aproximar


 Às vezes Antônio

Às vezes Tony

Às vezes Tom
 

De muito tempo atrás ate os dias atuais
E num futuro que se transformará...
 
ps. parabens a Tom ze por seus 80 anos

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Revoluções (Tony Lopes)

Nos bares abrimos garrafas e corações
Bebendo ao lado dos amigos
Rimos ou choramos
Por algumas conquistas ou decepções

Nas ruas faremos muitas revoluções
De mãos dadas aos mesmos amigos
Os olhos fixos nos inimigos
Amedrontados  com nossas reinvindicações

Para Tirar do trono os que nos oprimem
Tirar da frente quem nos impede de seguir
Destruir os que sempre nos destruíram

E Aniquilar todos que querem nos aniquilar

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Paixão movediça (Tony Lopes)


Os olhos que amam são frágeis e idiotas

Incapazes de perceber a realidade exposta

Os lábios que beijam são fáceis vitimas

Inábeis de entender a verdadeira aposta

 

E mesmo assim tão estupidamente tolos

Os olhos riem ao ver o que desejam ver

Tal qual o lábio lacrimeja inocentemente

Ao abrir-se para o outro lábio lhe sorver

 

Entre erros e acertos o amor avança

Nem sempre acerta nem sempre alcança

Atolado aos feitiços da paixão movediça

Arrisca-se nessa cambaleante dança

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Trapézio invisível (Tony Lopes)

Acabam os passos
Mas a caminhada não acaba
Antes do assalto
No asfalto ensandecido

Acabam os rastros
Mas a procura não acaba
Antes do sobressalto
No asfalto ensanguentado

Os olhos grudados como cimento
Frios como o concreto
Da cidade de aço
E asco

Acabam os risos
Mas o risco não acaba
Antes do salto
No trapézio invisível


terça-feira, 4 de outubro de 2016

Desprezo (Tony Lopes)

Só desprezo
Desprezo e um pouco de café frio
Nada além

Nem um pedaço de pão
Nem uma única palavra

A verdadeira solidão

Não mora só.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Odeio Beatles (Tony Lopes)

Odeio Beatles e quem vive de lembranças
Odeio ontem como amanhã odiarei hoje
Eu sigo a linha tênue da vida
Equilibrado nos meus desajustes

Odeio fotos amareladas pelo tempo
Odeio tudo que eu não consigo lembrar
Eu sigo as trilhas sinuosas do destino
Pendurado no meu abismo de estimação

Odeio samba e quem acha que sou doente
Odeio dançar ou achar graça em tudo
Eu sigo calado e invisível
Fracassando por meus próprios meios

Não quero cura
Não quero benção
Não quero mais nada
Nada.


sexta-feira, 30 de setembro de 2016

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Ciclopes não choram (Tony Lopes)

Um ciclope não deve chorar
As lágrimas podem inundar
A sua retina
Transbordar as suas tristezas
E angustias

Um ciclope não deve chorar
As lágrimas podem alagar
A sua rotina
Derramar as suas bobagens
E delírios

Um ciclope
Também não deve olhar diretamente
Para o sol ou para a luz
Ele deve apenas observar
Os contornos sutis

Da escuridão.