sexta-feira, 31 de julho de 2015

Pequenas coisas (Tony Lopes)


Existem coisas pequenas

Miúdas

Quase insignificantes

Mas que quando estão em frente dos seus olhos

Crescem

Agigantam-se

E te devoram.

 

 

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Tiro forte (Tony Lopes)


Tua sorte é meu azar

Tua lei a Minha prisão

 

Tua crença É a minha dor

Teu deus Um opressor

 

Teu dinheiro é O seu senhor

Tua vontade Seja qual for

 

Pra nós as sobras E a submissão

uma única saída Em minha mão

 

Tiro forte No seu coração

Acerta um bandido Acorda a nação

 

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Boca (Tony Lopes)


 

Na sua boca cabe o desespero e o palavrão

Cabe o podre e a imensidão

Na sua boca cabe o grito e a exclamação

Cabe o amargo e a insatisfação

 

Na sua boca o mundo é imundo

Quase que uma imensa aberração

Na sua boca a ira se expande

Quase uma nova maldição

 

Às vezes a sua boca é deliciosa

Com gosto de aventura e sedução

Poderia até ser maravilhosa

Mas você prefere sempre que não.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Covardia (Tony Lopes)


  te falta ousadia
e bravura
te falta coragem
e brio
 
te falta valentia
e destemor
te falta enfrentar
tua própria covardia

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Sem caráter (Tony Lopes)


Covarde Calhorda Cínico

Sem caráter

Cupincha Canalha Cafajeste

Sem vergonha.

 

Ao teu lado, ele sorri

Riso de um velhaco

Riso de um traidor

Pelego, Pilantra, Pulha.

 

- Para ele

Só uma coisa a dizer:

F O D A - S E!

 

Obs. Isso é uma obra de ficção. Porem, qualquer semelhança com pessoas reais é verdadeira.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Irá saber (Tony Lopes)


 

Perdeu a cabeça

E enforcou-se com a corrente de ouro

Agora balança

Na linha tênue do próximo estouro

 

Para onde for ele irá saber

Que foi em vão

 

Pediu perdão

E pulou no fosso do elevador

Queria descer

Mas a queda o elevou

 

Para onde for ele irá saber

Que foi na contramão

 

Pediu uma ultima dose

E não deu para o santo

Sacrilégio

Que se misturou ao próprio pranto

 

Para onde for ele irá saber

Que não fez falta não.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Radio de pilha (Tony Lopes)


O radio de pilha Toca uma velha canção

Um flashback

Apenas uma nova ilusão

 

Ouvidos atentos

E os olhos com lagrimas de cebola

Passeiam sem pressa Pelo passado

 

Houve um tempo que aquilo fazia sentido

Tempo de sonhos

A realidade hoje não permite mais

Nada além que uma saudade

sexta-feira, 17 de julho de 2015

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Beijo em pó (Tony Lopes)


Ao seu beijo em pó
Adicionei uma dose
De uísque paraguaio
E molhei os meus lábios
Com o que você tinha
De pior.

Embriagado do veneno
Vaguei na escuridão
Tropeçando em latrinas
Perdido nas sarjetas
Em delírios e desejos
Todos fúteis e pequenos.

Seu sorriso meio falso
Quase me enganou
Sua pose de princesa
E seu cheiro de bolor
Me levaram novamente

Aonde tudo começou.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Pior que lepra (Tony Lopes)


Parece contagioso

Seus efeitos são perniciosos

E crônicos

Está impregnado na sua pele

Como escamas

Mas não é uma doença

 

Sua maldade

É latente

E contamina

Transborda pela boca

Fede e não tem jeito

É bem pior do que lepra

 

É apenas

Ira irracional

Veneno nos olhos

E no coração

Algo ruim

Que não tem cura

Ou alguma salvação.

 

 

 

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Prefiro os inimigos (Tony Lopes)


 

Prefiro os que me odeiam

Os que cospem na minha cara

Prefiro quem aponta o revolver

E dispara.

 

Prefiro os que não me temem

Quem me ofende

Prefiro quem me humilha

Ou me prende

 

Prefiro os inimigos declarados

Os que me julgam culpado

Prefiro os que me enfrentam

Os que estão do outro lado

 

Só não suporto o desprezo

Nem os tapinhas nas costas

Odeio os sorrisos falsos

Dos que temem fazer suas apostas

segunda-feira, 6 de julho de 2015

De plástico (Tony Lopes)


Desisto de tentar consertar
O que quebrei de propósito
Não irei remendar os pedaços
Do seu coração de plástico
Belo, mas insensível
Lindo mas irremediavelmente cruel

Fique com suas fórmulas esdrúxulas
Com seus métodos irracionais
Com sua inaptidão para amar
E siga o ritmo do seu coração de plástico
Vazio e imprestável para entender
O que só o amor pode explicar

De plástico
O seu triste e vazio
Coração de  p l a s t i c o !

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Avenidas vazias (Tony Lopes)


Tudo vazio nas avenidas
Que ontem vomitavam carros
E entupiam ruas como veias
Cheias de ódio e gordura

Tudo vazio nas avenidas
Que hoje apenas choram
Inundando de dor
Um tempo invariavelmente inútil


No ir e vir dos carros e dos ônibus

Repletos da mais profunda solidão

 

Tudo vazio nas avenidas
Dos desesperados
Que apenas lamentam
As horas passadas nos sinais e pontos


Não há mais espaço agora para quem quer

Apenas andar na contramão

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Matador (Tony Lopes)

Ele mata a dor alheia
Com um tiro
Mata a dor que semeia
Nos suspiros

O dedo no gatilho não espera
Nem o olho piscar
O tempo é bala que dispara
Sem tempo para se lamentar

Matador
Quem é que vai matar
O matador?
Matador
Quem vai acabar
Com a tua própria dor

O dedo no gatilho agora espera
A hora passar bem devagar
O tempo é bala que consola
A dor que vai ter de suportar