terça-feira, 31 de maio de 2016

Tilt (Tony Lopes)

Sempre gostei de jogar
Arriscar
Correr o risco
Blefar

Nunca gostei de ganhar
Nem de perder
Apostar
Esse era o meu vicio

Hoje
É o futuro de ontem
E sobrevivi
A esse jogo imundo

Mas se mudarem as regras
Ou o formato do jogo
Pouco importa
Compro mais algumas fichas
E tento evitar o TILT.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Bleeding Muddy Water (Mark Lanegan/Tony Lopes)


Senhor, a chuva está chegando

Agua Lamacenta   

Inundação Celestial

Você sabe que eu sinto você

No meu pulmão de ferro

 

Oh baby, não parece tão ruim

Afoga-me na chuva que está chegando

Água Lamacenta

Como eu sangro você?

 

Assim como sou um fantasma

Sou como um Filho do Céu

Você é à bala

Você é a arma

 

 Oh baby, não parece tão ruim

 Afoga-me na chuva que está chegando

 Seja a minha sepultura

 Você é o mestre e eu o escravo

 

 Água Lamacenta Vem subindo

 Você sabe que eu sinto você

 Em meu pulmão de ferro

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Um fio (Tony Lopes)

A memoria é um fio de alta tensão

Uma hidroelétrica de tórridas emoções

Às vezes ameaçadora e volumosa

Noutras criminosamente abandonada 



A memoria é um fio de cabelo perdido

Um detalhe no meio da imensidão

Às vezes uma miragem

Noutras apenas uma sutil mensagem



O perigo esta no criminoso esquecimento

Ou em um provável rompimento

Pois para toda historia represada

Sempre haverá o medo de ela ser inundada






terça-feira, 24 de maio de 2016

No meu samba (Tony Lopes)


No meu samba

Não cabem lagrimas

Nem passos tortos

Na avenida

 

No meu samba

A vida é breve

E os semimortos

Ganham vida

 

No meu samba

O estandarte

É puro suor

É pura arte

 

No meu samba

Não valem lastimas

Nem compaixão

De flores plásticas.

 

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Vida dupla (Tony Lopes)

É tanta bala perdida
É tanto tiro no escuro
Uma vida bandida
Que quase não tem futuro


É tanta raiva contida
É tanto medo de tudo
Uma vida santa
Que te mantém meio mudo

No boteco enche a cara
Insatisfação e vício
Depois vai para a igreja
Para fugir do precipício


Em casa promete mudar
Trocar de vida e posição
Logo depois sai à caça
Prefere matar a ter razão


Enquanto sobrevive são e salvo
Parece mais nada temer
Até o dia que vire o alvo
E saiba enfim o que é perder

quarta-feira, 18 de maio de 2016

As beatas (Tony Lopes)

As beatas
Me fazem rir
Com suas roupas cafonas
E as suas ideias piegas

Solitárias nas igrejas
Bem dispostas pra confessar
De joelhos penitentes
Nunca se esquecem de rezar

As beatas
Me fazem gargalhar
Com suas marcas de batom
E suas boas vibrações

Adormecidas nos cinzeiros
Ou na pia do banheiro
Guardadas em caixinhas de fósforos
Uma brasa de prazer, mora?

Mas no fim
“Morre aí
Basta uma beata”

Para me fazer sorrir

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Um olho (Tony Lopes)

Ao ciclope
Basta um.

A mim
Resta um.


A felicidade
Pode ser vista
Com um olho só.

(Pra uns: Uma pedra
Para outros: Um poste
Em terra de muitos olhos que tanto olham e tão pouco veem, basta um.
Para uns: Uma eternidade
Para outros: Uma saudade)

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Delação não (Tony Lopes)


Cansei das mentiras
Falácias
Promessas nunca cumpridas
Cansei da mesmice
Indiferença
E das rotas interrompidas

Vou mudar a direção
Abrir o bico
Soltar a voz
Vou abdicar do sermão
Eu insisto
Vou dar a minha opinião

Chega de tortura
E dessa prisão,
Pode escrever ai:
Agora é a hora
Vou aderir

A relação premiada.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Adeus, rock’ n ‘roll (Tony Lopes)

Adeus rock ‘n ‘roll
Você nunca me aceitou
Eu sempre tentei
Mas você sempre me ignorou

Adeus rock’ n’ roll
Vou quebrar minha guitarra
Queimar todos os discos
E desistir dos teus acordes

Adeus rock ‘n ‘roll
Eu nunca mais retornarei
Você nunca se importou
Com tudo que eu passei

Adeus rock’ n’ roll
Assumo aqui os meus defeitos
Mas vou desafazer aquele pacto
E silenciar a distorção no meu peito



quarta-feira, 11 de maio de 2016

2 X 1 (Tony Lopes)

Eu não acredito
Na poesia
Nem em poetas

Sou um idiota, eu sei.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Dor
É líquida
E escorre
Pela face

- Um rio
De lágrimas

Dor
É sólida
E separa
Os fracos

- Um mar
De lástimas


XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

terça-feira, 10 de maio de 2016

Saí (Tony Lopes)

Quais as armas que devo usar
Para destruir todo mal que habita em mim
Que estratégia  devo seguir
Para erradicar o que há de pior dentro de mim

Em frente ao espelho quebrado em cruz
Algo está errado no que ele reproduz
Imagens distorcidas de uma torta realidade
Invertem o sentido da palavra verdade

As vozes que vem de dentro
Às vezes parecem um só lamento
E se a ausência é o centro
Resta aqui apenas o tormento

E ele ri com a minha boca torta
Me provoca com sua raiva cega
Mesmo que ainda não esteja morta
A dor invade e não nega

Sai, Sai de mim

Sai , Sai daqui

sexta-feira, 6 de maio de 2016

De Glauber e Malvadezas (Tony Lopes)

Deus e o Diabo
Na terra de Glauber e do Sol
Das praia e do pelourinho
Do progresso conservado em formol

Deus e o Diabo
Na cidade refém da sua nobre pobreza
Das praças Castro Alves e da Sé
Sem piedade e a sós com sua malvadeza

Deus e o Diabo
No sobe e desce do velho elevador
Do hambúrguer e do acarajé
E das crenças nos orixás e no nosso senhor

Deus e o Diabo
Nos escombros da resistente fé
Ou dos que pecam nos carnavais
Onde se ignora tudo o que se é

Deus e o Diabo
Na terra de Glauber Rocha
Dos seus múltiplos ritmos prostituidos
Em pagodes, axés e tristes arrochas

quinta-feira, 5 de maio de 2016

A casa caiu (Tony Lopes)

A casa caiu, baby
Nada ficou em pé
De volta ao pó, baby
É isso mesmo que você quer?

A fila andou, baby
Eu bem que avisei
Você dançou
E isso é tudo que eu sei

Agora tudo está bem claro
Escuro era quando aconteceu
Do seu lado estava tudo errado
Do seu lado tudo era um grande breu


quarta-feira, 4 de maio de 2016

O discurso (Tony Lopes)


O discurso ficou pronto
Mas ele está morto
O anti-herói aos prantos
Solitário e absorto

As homenagens em todo lugar
Menos onde deviam estar

O discurso está morto
Mas ele não está mais pronto
O anti-herói pelos cantos
Mirando agora em outro ponto

As lembranças logo vão acabar
Basta o velho defunto esfriar

terça-feira, 3 de maio de 2016

Bordel Brasil (Jorge Afonso/Tony Lopes)

Limpe os pés para entrar
Esta é uma casa familiar
Você tem que andar direito
Esta é uma casa de respeito

Só aqui você desfruta
Os prazeres que a vida tem
Entre e escolha uma  puta
Ela querer te amar também

Bordel Brasil  Bordel Brasil   

Faça o que quiser neste quartel
Deixe sua ideia fluir
Aqui você é o menestrel
E ninguém pode lhe destruir


Ps. Musica escrita em 1983 para a banda Guerra Fria e submetida a censura previa na SSP-Ba para posterior liberação em shows. Ditadura nunca mais. creia

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Somos todos gays (Os elefantes elegantes/Tony Lopes)


Somos todos gays
Você sabe e eu também sei
Porque o amor é a lei

Somos todos gays
Todos sabem e eu também
Se é por amor, amém

Somos todos gays
Eu sei e você também sabe
Porque amor sempre cabe.
 
ps. faixa do cd virtual EleFunks da banda Os elefantes elegantes