terça-feira, 30 de setembro de 2014

Com a outra mão (Tony Lopes)


Baby

Não se afaste de mim

Outra vez.

Baby

Não me destrate assim

Outra vez.

 

Eu posso mudar

Posso segurar o copo de cerveja com a mão esquerda

E usar a direita

Apenas para te bolinar

 

Baby

Não me maltrate assim

Outra vez

Baby

Não me descarte no fim

Outra vez

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Sem dó (Tony Lopes)


São as mentiras

Que me retratam melhor

Como os dias nebulosos

Os dias sem sol.

 

São os pecados

Que me fazem melhor

Como algumas orações

Que tem um rumo só

 

São as derrotas

Que me tornam melhor

Como as belas manhãs

Que desprezo sem dó

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Isca (Tony Lopes)


Era uma isca
Presa ao seu coração
De pedra e gelo.
 
Era uma pista falsa
Um descaminho
Uma maldição.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Ficando velho (Tony Lopes)


Estou ficando velho

O espelho me diz que sim

Um pouco mais perto do medo

Que nos impulsiona para o fim

 

Estou ficando bêbado

O altar me afirma que sim

Um pedaço da minha fé

Eu vou vomitar em mim

 

Estou ficando louco

O mundo me diz que sim

Uma parte do meu segredo

Você saberá enfim

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Tudo que temos (Tony Lopes)


Temos medo

E a certeza do que ele nos trás

Temos ódio

E a clareza que não queremos mais

Estamos acuados

Soltos nesta selva de catedrais

 

Temos ideias

E a nobreza dos animais

Temos beleza

Mesmo não sendo todos iguais

Estamos acuados

Presos nos nossos próprios quintais

 

Nas jaulas ilógicas desses jardins

As feras estão soltas

Enquanto nos reprimem

E nos impõe verdades tortas

São sempre novos crimes

Que batem a nossa porta

 

O que nos faz ser livres

É a vontade de apenas ser

Apesar de cercados de hipocrisia

Ainda podemos sobreviver

Longe das mordaças

E dos ignorantes que pensam em nos deter

terça-feira, 23 de setembro de 2014

O olho (Tony Lopes)


O olho mergulha no olho do outro

A procura de algo

De alguma fagulha

 

O olho invade o olho do outro

A procura da alma

De alguma verdade

 

E o olho do outro se abre

Deixa-se entrar

Deixa-se possuir

Pelo olho do outro.

 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Agonia e medo (Tony Lopes)

 
No centro do abismo
Os ecos da angustia
Bailam na noite
Dos demônios
 
Sinistras vozes avançam
Na madrugada
E penetram
Nas entranhas
 
Agonia e medo
Dor e solidão
Gritos e gemidos
Realidade e imaginação.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Na estrada (Tony Lopes)


Os pneus sangram

Na estrada da desilusão

Gemem nas curvas

Desfibrilando a emoção

 

Postes e policiais (pessoas)

São vultos no retrovisor

Aonde ir agora

Pergunta o ronco do motor

 

A velocidade aumenta

E dispara o coração

O combustível é o medo

Que indica a direção

 

 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Induz ao erro (Tony Lopes)


 

Moedas atiradas aos porcos

Alimentam a ira dos covardes

Semeiam a discórdia

-Induzem ao erro.

 

Migalhas atiradas ao poucos

Alimentam os devaneios

Diminuem a ansiedade

-Induzem ao erro.

 

Sinistras frases de efeito duvidoso

Clamam justiça onde não há

Alarmantes noticias fabricadas

Atiçam a ira de até quem não quer lutar

 

Todas as verdades que te dizem

-Induzem ao erro

Todas as mentiras que te falam

-Induzem ao erro

Tudo que você acredita

-Induz ao erro

Tudo que você necessita

-Induz ao erro

terça-feira, 16 de setembro de 2014

A linha (Tony Lopes)


Às vezes é preciso ser cuidadoso
Ao abrir um livro
E virar a pagina
A ameaça pode estar talhada
Em alguma palavra.
 
Às vezes é preciso ser cauteloso
Ao dizer uma palavra
A um estranho
O perigo pode estar aprisionado
Nos seus punhos.
 
A linha que separa um lado do outro
E esconde entre elas
Algo assustador
Foi escrita pelas mãos
Do seu pior opositor.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Coração bombardeado (Tony Lopes)


Um coração de aço

A prova de balas

E das suas ameaças

Um coração blindado

A prova de ataques

E das suas trapaças.

 

Um coração assim sem jeito

Imperfeito

Para o seu sádico prazer

 

Um coração prevenido

Preparado

Para se defender

Um coração ferido

Bombardeado

Mas que não vai se render

 

Um coração assim no peito

Que direito

Você ainda pensa ter?

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Final feliz (Tony Lopes)


 Outro tiro que não acertou o alvo

Outro corte que não rasgou o pulso

Outra flecha que não furou o peito

Outro dia igual aos outros.

 

Mas uma vez o final feliz

Mesmo a contragosto um final feliz

Os mesmos erros

E outra vez sobrevivendo por um triz.

 

Outro grito que penetrou na noite

Outro copo da mesma cicuta

Outro desejo que cortou a boca

Outro corpo de alguma puta

 

Mais uma vez o final feliz

Mesmo desfecho de um final feliz

Os mesmos desacertos

Mas mesmo triste continuo aqui.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Cheiro de puta (Tony Lopes)


 

Ela

Tem cara de puta

De quem cobra caro

Pelo prazer

 

Ela

Tem fragrância de puta

De fruta tão rara

Dura de doer

 

Ela

Tem faro de puta

Aroma selvagem

De torto prazer.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Fuga (Tony Lopes)

 
Perder o controle
Invadir o sinal
Atropelar a logica
Evadir do local
Fuga insana
Torpe lucidez
Acender a lanterna
Da insensatez.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Ele não está (Tony Lopes)


Não tema encarar o espelho

O demônio não esta lá,

Agora.

Mas se apresse

Porque seus olhos vermelhos

Podem trazê-lo de volta

A qualquer hora.

 

Não desista de enfrentar o medo

Ou de apontar o dedo

Agora.

Mas não vacile

Porque seus velhos receios

Podem trazê-lo de volta

Sem demora.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Luz da razão (Tony Lopes)


Sentado vejo de longe a explosão
Ouço os gritos e as vaias
E as vias que nos levam
Para uma outra direção
Estão cheias de ideais.


Às vezes confuso e sem coesão
Noutras as bandeiras e as placas
Nos dizem o que é certo ou não
E se alguns botam a cabeça a prêmio
Outros se escondem nas trincheiras
Mesmo que não saibam de que lado
Virá a verdadeira solução

Ouço gritos, tiros e passos na escuridão
Quem irá acender, enfim, a luz da razão?

terça-feira, 2 de setembro de 2014

As baratas (Tony Lopes)


As baratas vão invadir sua paz

Fuçar a sua mente

Vão ocupar a sua mesa

Deitar na sua cama.

 

As baratas vão rir da sua cara

Pisar no seu calo

Vão calçar o seu sapato

Vestir o seu pijama

 

As baratas vão tomar o poder

Escravizar a sua mãe

Vão sair com o seu carro

Engolir a sua grana

 

As baratas vão dominar o mundo

Destruir a sua imagem

Vão difamar a sua família
Abandonar-te na lama

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Voar (Tony Lopes)


Acredito nos fios de alta tensão

Que alimentam as neuroses

Como pássaros aprisionados

Em uma garganta insana.

 

Ao abrir a janela um impulso

Grita como mil alto-falantes

Cortando em cruz o pulso

Com uma dor inebriante

 

Seremos felizes novamente

Como fomos quando não sabíamos

Seremos serenos novamente

Como fomos quando não podíamos

 

Adeus, adeus todos os sonhos

Vou despertar

Adeus, adeus todos os planos

Vou voar, vou voar, vou voar.