quinta-feira, 27 de setembro de 2012

ou

                                                            não sei se gosto mais de mim
                                                            ou
                                                            não sei se gosto mais tanto assim
                                                            ou
                                                            não sei se gosto mais do que sempre achei tão ruim
                                                            em mim.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Torto (Tony Lopes)

Torto
O olho
Mira  
O porto
E a seta
Acerta
A velha
Porta
Longe
Alguém
A esperar
Finge
Não se preocupar
E o barco
Segue
Sem farol
Na escuridão
Seus olhos
São o sol
Lagrimas
Vão salgar
O mar
Bem mais
Do que
Se pode suportar
E a deriva
Sorve o olor
Do vento
Sem pressa
Ou ressentimento.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A verdade (Tony Lopes)

 A verdade surgiu
Atrás da janele entreaberta
De um quarto escuro
 
Na verdade ela viu
Um vulto sob a coberta
Em um quarto escuro
 
E anoiteceu assim
Com a certeza  estampada
No lençol florido
 
Depois esqueceu que no fim
A beleza é relegada
Como um abraço frio

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

AMIGO/INIMIGO (Tony Lopes)


SE EU SOU AMIGO DO SEU AMIGO ISSO ME FAZ SER AMIGO DO AMIGO DO SEU AMIGO O QUE ME LEVA A CRER QUE SOU INIMIGO DO INIMIGO DO AMIGO DO SEU AMIGO QUE EU NEM SEI QUEM É.

SE EU SOU INIMIGO DO SEU INIMIGO ISSO ME FAZ SER INIMIGO DO INIMIGO DO SEU INIMIGO O QUE ME LEVA A CRER QUE SOU AMIGO DO AMIGO DO INIMIGO DO SEU INIMIGO QUE EU NEM SEI QUEM É.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Os quatro cavaleiros do apocalipse (Tony Lopes

Uma mesa
Quatro cadeiras
Quatro copos
Uma cerveja
 
Uma rodada
Quatro amigos
Quatro risadas
Outra rodada
 
Em pouco tempo o mundo rodando
E eles mudando o rumo dos fatos
No ato
Falando bem alto
Destilando humor e sabedoria
Um brinde aos amigos e a alegria

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Precinho (Tony Lopes)

Creio que você esta certa
Em me desprezar
 
Acho que você tem razão
Quando diz que eu não presto
 
Entendo que você pode continuar
Difamando-me por ai
 
Mas uma coisinha só eu te digo:
 
Igual a você eu encontro outra
Em qualquer esquina mal iluminada
E por um precinho bem mais em conta. 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Inseto (Tony Lopes)

Não é a claridade que o inseto procura

Quando circula em volta da lâmpada

E sim o seu calor.

Não é a morte que o inseto teme

Frente ao inseticida

E sim o medo de não poder mais voar.

 

As suas asas minúsculas podem lhe levar muito longe

Lá onde medo e migalhas são seus inimigos

E nem o perigo da viagem e do sonho consegue detê-lo.

 

E se a noite no seu ouvido

Eles zumbem insistentemente

Não tema

Deixe-se levar na doce armadilha

E voe

Como o inseto ousa voar.

 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Não há (Tony Lopes)

Não há sol
Ali naquele quarto escuro
Só solidão
E tempestade
Nada além.
 
Não há amor
Ali naquele coração impuro
Só rejeição
E saudade
Do que não tem.
 
Não há céu
Ali naquele canto do muro
Só imperfeição
E a verdade
Que nunca vem.
 
ps. ilustração by nelson magalhães filho

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

De ontem (Tony Lopes)

Beijarei seus lábios de framboesa
Para retirar da garganta
Essa ânsia
Essa doida angustia
Esse gosto de cachaça
E da dor de ontem
 
Beijarei seus lábios de cereja
Para arrancar da garganta
Um grito
Um suave gemido
E afastar de vez esse bafo
Da falta do amor de ontem

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Por um dia (Tony Lopes)

Hoje vou brindar com os miseráveis

Os escrotos

Os calhordas

Vou beber com os ladrões

Os pulhas

Os cafajestes

 

Hoje eu vou celebrar a bagunça

A esbornia

A ofensa

Vou celebrar os covardes

Os bundões

Os desonestos

 

Vou me juntar a essa corja

Fingir ser um deles

E rir

Vou dar tapinhas nas costas

Compartilhar dos seus vícios

E rir

 

Mas amanhã de manhã vou reestabelecer a consciência

Vou dar bom dia aos amigos e fingir que nada de ruim aconteceu. 

(Pelo menos por um dia serei um deles)

 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Natureza morta (Tony Lopes)

Natureza morta
 
A fruta que jaz solenemente
Na bandeja da mesinha da cozinha
Já não guarda o frescor de outrora
Nem tem mais aquela cor vibrante dos dias distantes
Mas a boca que a cortejar com o desejo inflamado
Por certo ira encontrar algum resquício
Do que ela teria sido Quando ainda vibrava
De cor e sabor em algum pomar
 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Ah tiro (Tony Lopes)

Ah tiro 
 
Mesmo sem saber
Atiro-me
Em você.
Mesmo sem querer
Atiro
Em você.
E
Acerto
Quando
Erro.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Chega (Tony Lopes)

Cansei de te ver
Cansei dos teus olhos sem brilho
Cansei de te aguentar
Cansei do teu jeito
Cansei de te olhar
De manhã bem cedo
Cansei de te aturar
Cansei dos teus defeitos
 
Não suporto mais teus hábitos
Não suporto mais teu hálito
Não te suporto mais
Não aguento mais tuas rugas
Não aguento mais tuas fugas
Não te aguento mais...
 
Chega!!!!
Vou quebrar de vez esse espelho
 
 
 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Altar (Tony Lopes)

Cansei de sonhar com coisas possíveis
De imaginar cenas reais
Agora vou focar no impossível
No improvável
No inatingível
Agora eu vou acreditar em mim
Esse pobre deus
Esquecido por muito tempo
Em um velho altar
Por vocês nobres ateus.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Amor pequeno (Tony Lopes


 O meu amor cabe

Em frasquinho de perfume

Numa caixinha de fósforos

No brilho de um vaga-lume

 

O meu amor tão pequeno

Cabe nos minutos

Nos instantes

Nos segundos diminutos

 

O meu amor cabe

No bolso de uma camisa

Na bolsa de uma amiga

No teu coração de mulher

 

O meu amor tão pequeno

Cabe num altar

Cabe em um pedido

E onde eu quiser colocar

 

O meu amor cabe

Em rascunhos de poesia

Em frases de auto- ajuda

Na prateleira da padaria

 

O meu amor tão pequeno

Cabe onde puder caber

Cabe na imensidão do mar

Cabe dentro de você.

 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Motor (Tony Lopes)

Vou converter meu odio em energia mecanica

Para impelir movimento a essa imensa dor

Fazer girar em mil rotações por minuto

Atropelar tudo que se contrapor

 

Acionado por uma misera faisca

Expelindo gases de violenta combustão

Impulsionando a ira em qualquer direção

Pronto e atento pra avançar na contramão

 

Em dois ou quatro tempos distintos

Girando em volta do eixo de manivelas

Movido pelo combustivel do medo

Encarando o choque e as suas sequelas

 

Rodando como um motor

Fervendo como um motor

Demente como um motor

Em violenta combustão.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

OVNI (Tony Lopes)

 
NO CEU UM RISCO DE LUZ
ASSINA VELOZ O RECADO
HÁ DE EXISTIR ALGO LA NO OUTRO LADO
BEM MAIOR QUE DEUS
BEM MELHOR QUE NÓS.