sexta-feira, 29 de novembro de 2013

São E salvo (Tony Lopes)


Não me cobre sanidade
Nem atire uma pedra
Não espie pela fresta
Nem respeite todas as setas
Não me peça lucidez
Nem exija meu respeito
Não procure ter certeza
Nem questione meu direito
Não me dê tantos choques
Nem meia dúzia de calmantes
Não duvide da minha ira
Nem despreze meu semblante
                                            

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Entrelinhas (Tony Lopes)



O silencio se aventura
A correr na pagina branca
Como um raio de luz
A deslizar suavemente
E sem direção
Nas entrelinhas.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Musica: divina ou profana (Tony Lopes)

Quando quero falar com deus

Prefiro ouvir um blues

Mesmo que ele

-Veja que charada

Tenha sido concebido

As margens do Mississipi

Em uma encruzilhada.

 

E quando quero me divertir

Prefiro uma suave balada

Mesmo que ela

-Veja que contradição

Fale bem mais alto

Que os mil alto falantes

De um trio elétrico na contramão

 

Quando quero ficar em silencio

Deve ter alguma coisa errada

Porque não gosto da ausência

E a vida sem musica não é quase nada.

 

A musica é divina

Quando “quer”

A musica é divina

Porque “é”

A musica às vezes é profana

A musica é uma paixão que emana.

 

Quando quero falar com deus

Mesmo que um sussurro baste

Aumento o som

Mesmo quando a prece serve

Ate quando a melodia vibra

Prefiro acentuar o que é bom.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Doce suspiro (Tony Lopes)


 
 Antes de dilacerar o meu coração
Diga ao menos uma vez que me amou
E depois sorria
Pois o mundo haverá de nos perdoar.
 
E se ainda assim houver duvidas
Enfie a navalha no meu pulso
E num impulso
Ajoelhe-se outra vez no velho altar.
 
Ninguém saberá a verdade
Se você deixar de respirar
No instante seguinte
Ao meu ultimo e doce suspiro.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Indesejável (0s elefantes elegantes/Tony Lopes)



Faço parte do seu esquecimento
Uma peça perdida do quebra cabeça
Inevitável no passado e Inútil hoje
Apenas uma ponte pro seu sucesso
 
Incluído na sua lista de coisas perdidas
Uma pagina arrancada da sua memoria
Adorável quando era necessário
Apenas uma pedra no seu sapato
 
A sua queda não me fará rir
A sua presença não me fará rir
Prefiro as lembranças
De um tempo que já vi partir.

 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Obediência (os elefantes elegantes/Tony Lopes)


 
Obedecer, obedecer
Sim senhor Sim senhor
Trabalhar, trabalhar
Sim senhor Sim senhor
Emudecer, emudecer
Sim senhor Sim senhor
Acatar, acatar
Sim senhor Sim senhor.
 
Cumprindo as ordens
Cumprindo as ordens
Obedecendo, obedecendo
Cumprindo as ordens
Cumprindo as ordens
Trabalhando, trabalhando
Cumprindo as ordens
Cumprindo as ordens
Calado, calado.
 
 

 

 

 

 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Os ratos (Tony Lopes)


Os ratos

Roeram as nossas roupas

Calçaram nossos sapatos

E saíram

A passear.



Os ratos

Roubaram a nossa grana

Deitaram na nossa cama

E saíram

Sem se importar.

 

 

 

  

terça-feira, 19 de novembro de 2013

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

revide do silencio (Tony Lopes)


O silencio

Esse insano estuprador de tímpanos

Corrói a alma

E invade o que restou da sanidade

 

-parem agora!

Senhores do caos

E da desordem

Proprietários da angustia

E da ausência

-parem agora!

 

O silencio

Esse insolente criador de absurdos

Destrói a calma

E revida sem dó a falta do estrondo

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Minhas leis (Os elefantes elegantes/Tony Lopes)


Eu acredito nas leis

Nas leis que eu mesmo dito

Eu acredito em deus

No deus que eu mesmo crucifico

E creio na verdade

Na verdade que eu mesmo indico

 

Eu acredito no amor

No amor que eu mesmo edifico

Eu acredito na cura

Na cura que eu tanto necessito

E creio na realidade

Na realidade que eu mesmo edito

 

E no fim das contas

As minhas contas nunca estão certas

E depois de rever os fatos

Vejo que no meu prato

Só restam algumas migalhas

Desta minha vida canalha.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Salto (Os Elefantes Elegantes/Tony Lopes)


E se num salto

Eu puser meu sapato

No seu chão

Como um gato

Olhar seu retrato

E lhe estender a mão

 

Vislumbrar na noite

Uma estrela

Um sinal

Pedir um beijo

Um afago

Bem real

 

Depois fugir pela janela

Entreaberta

Do quintal

Pular a cerca

Que te protege

De todo mal

 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Águas poluídas (Tony Lopes)


Sigo o rio de águas poluídas
Com a certeza de onde ele me levará
Sigo o sorriso dos olhos fingidos
Mesmo sabendo onde vou acabar
 
Tudo isso posto a mesa
Com as cartas já marcadas
E a única certeza
Que todas elas estão trocadas.
 
Olhos fixos naquele fogo
Com o destino já esta traçado
Mesmo que eu vire o jogo
No final serei abandonado
 
Pago pra ver e armo o bote
Como uma cobra
Olho as cartas e preparo o blefe
É o que me sobra
 
Ganhar ou perder pouco importa
Agora só me resta uma aposta
Ficar ou fugir pela porta
Enfim a hora de decidir a nova rota

 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Sem Flores (Tony Lopes)


Não mandou flores

Mas deixou os espinhos

Não pôs band-aid

O corte ficou aberto

Saiu de mansinho

Sem dizer adeus

 

Não pediu desculpas

Mas deixou as cicatrizes

E as magoas

Levou quase tudo

Arrancou as raízes

Da casa.

 

  

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

As moscas (os elefantes elegantes/Tony Lopes)


As moscas voam

Atraídas pelo aroma fétido

Dos petulantes

Elas perambulam

Sem se importar em repartir

Com os ignorantes

 

As moscas veem
Onde se escondem
Os arrogantes
Elas procuram
O que fazer para atrair
Seres irrelevantes

 

E pousam na sua sopa

Param na sua mesa

Cospem na sua cara

Zombam da sua avareza

 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Reação (Os Elefantes Elegantes/Tony Lopes)



 

Não creia em promessas
Não espere recompensa
Não caia nessa teia
O crime não compensa
 
Não faça o que mandam
Não cale a sua voz
Desfaça essa trama
Não se dobre ao seu algoz
 
Reaja
Não fique ai parado
Reaja
Denuncie o culpado

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Cruel Senhora (Os Elefantes Elegantes/Tony Lopes)


 
 
 
 
 
 
 




Dentro do seu cinismo
Mora a hipocrisia
Cruel senhora do destino
Dos sofredores.

Fora do domínio do medo
Fora do alcance do bem
Fora da lei

Dentro da sua ignorância
Mora a agonia
Cruel senhora do destino
Dos perdedores.